A carta.

Esta é a carta que nunca escrevi, que nunca te enviei, mas que a sabemos de cor.
Porque somos assim, nesta cumplicidade tão nossa, neste entendimento perfeito entre os dois. Certo?
Hoje estou triste e talvez por isso te volte a escrever, sem nunca te ter escrito antes, mas somos assim mesmo não é?  
Porque tu sabes, melhor do que ninguém, o quanto és de mim, o quanto sou de ti! E se assim não fosse, não vejo sentido ser de outro modo. Porque o melhor de mim deve-se a ti apenas porque o melhor de ti existe em mim. 
És o meu alento. A fonte da minha força, o motivo do meu sorriso. És a minha alegria nos melhores momentos, e a minha paz nos mais tempestuosos.
Estás sempre presente, nunca te esqueças disso: eu nunca me esqueço de ti
Devia dizer-te isto mais vezes. 
Devia dizer-te isto pelo menos uma vez. 
Mas tu sabes e eu sei - e sinto - em cada abraço nosso. Em cada gesto de ternura. Em cada carinho - e como sabem bem os teus carinhos... Porque há laços que não se criam, que nascem connosco. Tal e qual a um cordão umbilical invisível que nunca se chegou a cortar. 
Tenho saudades tuas sabes?
 Às vezes não demonstro como devia, aliás, como mereces. Mas tenho, e muitas! 
És a minha rainha, e esse trono será sempre só teu.
Preciso do teu mimo - é o melhor do mundo! Podemos ficar assim para sempre? Deixa-me ficar no teu colo só mais um pouco, aqui volto a ser aquele menino, o teu menininho. 
Mas o tempo não para e tive de crescer, a vida é mesmo assim, e tu ensinaste-me a ser o Homem que sou hoje (sim com agá bem grande!) e que sei que todas as conquistas que fiz na minha vida, que todas as escolhas que tomei para alcançá-las  te enchem de orgulho (não fosses tu a mãe babada que és) e isso deixa-me feliz.
Feliz por acreditares sempre em mim, e desolado por não te ter sempre por perto...
Sair do teu ninho foi como veneno que te ia consumindo lentamente, confessa. Mas não penses que não fui atingido também. Nunca to disse, mas sim.
Mas o tempo continua a passar, ele não para e acomundamo-nos, conformamo-nos e habituamo-nos.
Habituamo-nos à ausência e aos reencontros. Ao vai-e-vem. Ao estar longe, mas sempre perto. Ao estar perto e tão distante.
O primeiro jantar que falhei, choraste feita desalmada! E ligaste-me a correr "só para saber se tudo estava bem" quando na verdade só querias sentir-me por perto. - Conheço-te tão bem! - E o quanto eu queria estar lá! E como esse jantar, muitos outros momentos.
Mas o que importa, e que nunca te podes esquecer é que voltarei sempre.
E são esses reencontros que me enchem de vida e que me fazem aguentar até ao próximo. 
Quero o teu abraço, não sei se é mágico (desconfio que sim), mas a verdade é que nele tudo está bem, tudo é esquecido e nada mais importa do que aquele momento, tu e eu, no nosso abraço.
Adoro quando sorris!
Provavelmente também nunca to cheguei a dizer, mas tu sabes bem que não me canso de repetir (mesmo que seja só para mim). Mas a verdade é que me enche o coração de tal forma que me comove.
Faz-me falta esse sorriso no meu dia-a-dia, faz-me falta a tua voz doce, faz-me falta o teu abraço. Fazes-me falta! 
Já te disse que tenho saudades tuas mãe?
Provavelmente não disse, mas vou dizer-to no nosso abraço.

Do teu filho,
MS.